Lá estava eu, lendo sobre as preocupantes estatísticas da presença de crianças e adolescentes na internet. Enquanto me informava sobre os inúmeros riscos que nossos pequenos enfrentam diariamente no mundo virtual, de repente, me veio à mente a história da Chapeuzinho Vermelho. E quer saber? Faz todo o sentido trazer essa história para os dias de hoje, no contexto digital.
Com os perigos das redes sociais, o lobo mau está a apenas um clique de distância. E, assim como a mãe de Chapeuzinho, muitos pais de hoje acreditam que um simples conselho é o suficiente para manter os filhos seguros. Afinal, muitos pais nem sequer entendem completamente os riscos que a internet oferece à saúde e integridade dos filhos.
A Chapeuzinho Vermelho de hoje é curiosa, desobediente e adora um desafio. A mãe acha que, estando em casa, a menina está segura, afinal, “a internet é só um entretenimento, não é?” A vovozinha? Essa já nem recebe mais visitas para ganhar doces; quando muito, recebe um “oi” apressado, enquanto Chapeuzinho está mais preocupada em deslizar o dedo na tela do celular.
E o lobo mau? Ah, esse ficou ainda mais ardiloso! Agora, ele se esconde por trás de telas, perfis falsos, a tal da dark web e sistemas tecnológicos que estão sempre um passo à frente. O lobo não precisa mais se disfarçar de vovozinha para enganar Chapeuzinho. Ele se apresenta como amigos online, oferecendo elogios, desafios ou até promessas tentadoras. E a mãe e a vovozinha? Nem percebem.
O caçador, coitado, também anda sobrecarregado. Com tantas Chapeuzinhos Vermelhos para salvar e tantos lobos para combater, ele já não consegue agir com a mesma rapidez. E, para piorar, localizar o lobo mau na floresta digital é uma tarefa hercúlea. Ele está em todo lugar e, ao mesmo tempo, em lugar nenhum.
A história de Chapeuzinho Vermelho, na sua simplicidade infantil, esconde hoje camadas muito mais profundas e complexas. Não é mais apenas sobre uma menina desobediente e um predador conhecido. É sobre as escolhas que fazemos para nossos filhos, sobre onde estão os verdadeiros perigos e, principalmente, sobre a responsabilidade parental nesse novo mundo digital.
Então, pais e mães, talvez seja hora de recontar essa história. Mas, dessa vez, troquem a capa vermelha por um tablet.