Ao entrar recentemente no salão do Baile do Rubi, um evento tradicional da Advocacia, fui imediatamente transportada para um daqueles cenários que minha mãe, Dona Lila, descrevia com tanto entusiasmo.
Dona Lila sempre falava com um brilho nos olhos sobre a magia desses bailes. Ela descrevia as mulheres deslizando pelo salão, envoltas em vestidos longos que mais pareciam feitos de nuvens, movendo-se como musas saídas de um sonho. E os homens? Ah, esses desfilavam com ternos tão bem cortados que, hoje em dia, só encontramos em filmes antigos. Era como se todos ali vivessem em um mundo paralelo, onde a gentileza era tão essencial quanto o ar que se respirava.
Minha mãe sempre dizia que havia um romantismo no ar, quase palpável. Os olhares cruzavam o salão com uma timidez que, em pouco tempo, se transformava em uma conexão profunda. Era um jogo de sedução elegante, onde o toque de uma mão, o balanço do corpo e a proximidade em um giro diziam mais do que qualquer conversa fiada na beira do bar. Ela garantia que quem nunca dançou a noite inteira em um desses bailes, não sabe o que é viver uma história digna de novela.
Hoje, esses bailes são como tesouros escondidos na memória de poucos, relíquias de um tempo em que as relações eram construídas com paciência e respeito. Um tempo em que cada encontro era uma chance de criar algo bonito e, por que não, duradouro.
Então, lá estava eu, no meio do Baile do Rubi, pensando nessas histórias e sentindo uma nostalgia por algo que nunca vivi, mas que, de alguma forma, parecia fazer parte de mim. Como se o espírito daqueles eventos ainda rodopiasse pelas beiradas do tempo, lembrando-nos de que, mesmo na correria moderna, ainda há espaço para um toque de elegância e magia.
E foi assim que, ao som dos acordes modernos, me dispus a dançar. Não era uma valsa, mas tinha a mesma alegria e elegância que minha mãe tanto admirava. E, no final das contas, percebi que, seja no passado ou no presente, o importante é simplesmente bailar, com elegância, um toque de alegria, e, claro, um pouco de saudade.